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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Projeto de Confecção de livro

Nesse post, a professora Ana conta como foi o projeto de confecção de livro com as crianças da 2ª série. Tem um vídeo muito interessante sobre o projeto lá na seção de vídeos, você tem que ler e ver isso!

A confecção de um livro pelas crianças foi idéia da professora Simone Barbosa M. Correa que, pacientemente, reproduziu em estêncil uma das histórias sem texto da Eva Furnari. Pareceu-me uma boa oportunidade para sistematizar alguns conhecimentos relativos a leitura e escrita que haviam sido trabalhados com a classe durante o ano; entre eles, o modo como um livro é feito, composição da capa, autoria, ilustrações, dados de edição. Entretanto, tinha como objetivo principal colocar em prática a reescrita que havia realizado com a turma, sempre coletivamente, a partir dos textos deles, selecionados de acordo com os erros que a maioria cometia. Não obtivera muito sucesso quando da tentativa de fazê-los refletir sobre os próprios textos individualmente. No caso do livro, percebi que era um bom momento para sedimentar neles a idéia de que não escrevemos para nós mesmos, portanto, é necessário consertar até ficar bonito para os outros lerem. Propus à turma escrevermos o livro e filmar a leitura para mostrarmos aos pais - eles já tinham intimidade com a filmadora porque fizéramos algumas atividades com a mesma no decorrer do ano e eles apreciavam ver a si mesmos na tela – e assim, obtive o engajamento da maioria na tarefa.  Naquele momento estávamos nos preparando para a Prova São Paulo; então, nos intervalos e em casa, a turma foi pintando as gravuras mimeografadas. Quando concluímos o processo da prova iniciamos os rascunhos das histórias, ao mesmo tempo em que cada um criava sua capa e colava as gravuras nas folhas que formariam o corpo do livro. Naquele momento, a sala ficou muito parecida com um “hospício”, a professora protagonizando o papel de “médico louco”, porque cada um estava fazendo uma coisa diferente, infelizmente nem todos o trabalho proposto, o que aumentava a confusão. Entretanto foi um momento riquíssimo para o desenvolvimento de habilidades de escrita de texto literário. Quando pegava uma escrita onde aparecia “Aí a bruxa...” escrevia-a na lousa e questionava: “Lembram que eu disse que falar assim tudo bem, mas na escrita fica esquisito?”. E assim a turma ia refletindo sobre os próprios textos, reescrevendo até três vezes, como queixou-se uma aluna (Mariane) em sua autobiografia (esta daria um relatório à parte). No intercurso dessa seqüência didática, um feliz acaso me pos em contato com a autora Eva Furnari e esta, ao ser informada de que a escola estava fazendo um trabalho de escrita com suas histórias sem texto, mandou um pequeno bilhete para as crianças. Os alunos ficaram alvoroçados com a experiência e se puseram a perguntar sobre a autora, quantos anos tinha, quantos livros lera, quantos já escrevera, se viria nos visitar. Esta expectativa deles estava de acordo com o conhecimento que eles tinham da visita de um autor à escola, que ocorrera naquela semana, por encerramento de projetos da sala de leitura. Eles não participaram porque a atividade estava direcionada para os alunos do 4° ano do ciclo I. Entretanto, as questões deles me estimularam a elaborar uma atividade nova, na qual na pensara antes, que enriqueceria mais ainda o trabalho que estavam fazendo. Expliquei-lhe que era muito chato perguntar a uma personalidade pública, como um escritor, por exemplo, algo sobre sua vida que se poderia descobrir lendo seus livros ou sua biografia. E assim, fomos pesquisar sobre a vida de Eva Furnari na sala de informática. Ocorreu que quando eles geraram esse roteiro de pesquisa em forma de perguntas, era justamente um dia em que teriam aula de informática. Esta turma não havia feito pesquisa na Internet, então mandei um bilhete para a professora Maria Helena da Silva, orientadora da sala, perguntando se seria possível o 2° ano, naquele dia realizar essa atividade. Com aquiescência dela, lá fomos nós ansiosos (inclusive a professora), para uma importante tarefa: encontrar respostas para seis questões que a classe havia levantado sobre a vida da autora. Expliquei-lhes que, com certeza, não descobriríamos na pesquisa, se ela viria visitar a escola, que isto teríamos que perguntar através de carta ou email. A pesquisa na Internet foi completada com uma pesquisa nas dezenas de livros dessa autora, que havia na sala de leitura e que a professora Marta Campos Amorim, com não menos boa vontade que a professora Maria Helena, pos à nossa disposição, na segunda feira, na aula de sala de leitura, embarcando ela também nessa viagem frenética que iniciamos às portas do encerramento do ano. Quando concluíram parcialmente a pesquisa sobre a autora, instiguei-os a pensar sobre a própria biografia, uma vez que, com o livro que estavam escrevendo, tornavam-se eles também autores e, portanto, poderiam despertar a curiosidade de seus leitores. Nesse momento trabalhei esse gênero de texto, que não abordara antes, usando as informações obtidas por eles, para compor uma pequena biografia da Eva Furnari, que serviu de modelo para que escrevessem a própria. Como na ocasião da pesquisa a professora Maria Helena lamentara não termos digitado o livro, resolvi que poderíamos digitar as autobiografias. Contudo, só tínhamos uma aula de informática e ás sextas-feiras, tempo insuficiente para o trabalho, portanto “lacei” a professora Aparecida Maria dos Santos, nossa talentosa repentista e uma apaixonada – como eu já percebera – por experiências escolares alucinantes, (alucinada era a palavra que caracterizava o momento que o 2° ano D do ciclo I dessa escola estava vivendo). Naquele dia ela ficou, amorosamente, à disposição da turma, monitorando os que digitavam a autobiografia, enquanto eu monitorava os que rascunhavam-na e também os que ainda estavam produzindo seus livros. De repente havia aluno reescrevendo seu livro pela 3ª ou 4ª vez, outro escrevendo sua biografia, outro indo à sala de informática digitar a biografia, e outros auxiliando algum colega a corrigir alguma escrita e, naturalmente, alguns simplesmente brincando, porque isso também faz parte de um processo verdadeiro de aquisição de conhecimento. Certamente estes últimos foram responsáveis por conseguirmos concluir apenas 25 livros e não os 34 que representariam 100% da classe. Entretanto o processo em si foi perfeito, emocionante e extremamente estimulante. Fechamos o ano com chave de ouro.

Ana Pinheiro da Silva

 

 

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